O avião era sinónimo de regresso, apenas e só, porque mesmo quando ia levava a sensação de deixar um abraço a alguém que às vezes pensava nunca mais ir ver. Porém esse regresso era feito de encontros inesperados, quase sempre saídos de uma surpresa que às vezes se tornava desagradável.
O regresso era sempre físico, que a alma quebrava-se em mil e um pedaços de nada, sem nada o prever voltando a formar almas obedientes para construir a maior e histórica derrota de um socialista que apenas omite as suas falhas perante a possibilidade de governar com maioria absoluta. Presumivelmente a história da gaveta e do socialismo guardado nem para brincadeira servia, tais eram as atitudes mafiosas que punham em questão a própria sobrevivência da liberdade de votar, ou nem isso.
Isso fazia-o lembrar-se do primeiro regresso em que as lágrimas quase caíram dos olhos ao ver a cidade natal do ar. A hora, essa, já não era propícia para votar, que nesse dia havia eleições legislativas e quem teria ganho nesse dia era um exercício a que não queria sujeitar o seu cérebro desgastado, antes a opção pela bazuca aos ombros e uma arma letal apontada à eterna continuidade no lodo, num sistema a que chamavam de democracia.
As coisas tinham tendência a tornarem-se obsoletas e o regresso aos locais de infância estagnada apenas o lembravam aquelas manias do ruído que não deixavam adormecer e das preocupações por assuntos que nem merecem ser pensados. Decerto que se esse regresso se tornasse definitivo os anti-depressivos regressariam à sua vida e isso punha-o pensativo na urgência de regressar onde não sentia essa necessidade de químicos atenuadores da pressão que o atormentava de tempos a tempos.
A alma devia mesmo existir e o desejo de nesse regresso ver todas as estrelas que habitavam no seu coração apenas era atenuada com o pensamento fixo em trivialidades como a falta de dinheiro e sobretudo na ideia que a diversão é sempre secundária perante ele. era sempre momento para concluir que o diabo existia e que deus apenas limpava as escadarias de acesso ao Céu, por falta de mão-de-obra, o que o deixava sem tempo para orientar as cabeças perdidas dos humanos cada vez mais enterrados num buraco vazio de sentido apesar dos efeitos coloridos que atenuavam a frustração de não ter o que se queria.
E depois havia sempre a partida, o regresso, não ao futuro, mas tão somente um encontro seguro com os desejos do coração, sem se deixar influenciar pelas ervas daninhas que eram quase sempre parte predominante no ecossistema que o rodeava.
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