Arturo é o seu nome, homem de surpreendentes ofícios. Largou uma vida economicamente viável por um destino mais próximo da felicidade, mesmo que isso implicasse contar todos os centavos e a possibilidade de ter de roubar para sustentar a sua família.
Claro que as cortinas vermelhas, a certa altura da sua vida lhe deram uma visão clara do significado dos sonhos que de certa maneira, algo negra, quase o atiraram para uma pira funerária, por via do suicídio.
Porém, apesar de não perder dinheiro nos jogos de azar e ainda assim ter o cartão de crédito usado no limite, foi-lhe fácil juntar o dinheiro que precisava para a viagem da sua vida, sempre com o pensamento posto na mulher que lhe daria o prazer de ter uma vida normal, até que a morte os separasse. Como disso nunca teve dúvidas, foi com naturalidade que lhe apareceu na vida a Flor, mulher de muitas qualidades, mal casada, com uma erva daninha que lhe ia obliterando a vontade de ser feliz, afogando as suas mágoas em cerveja barata e nas noitadas de jogos de cartas com as amigas, enquanto as quatro filhas iam crescendo de forma acelerada, enchendo-lhe a paciência, finita.
Curiosamente conheceram-se no bar para onde ele foi trabalhar, ela ia com outra rapariga e nada os faria prever o vendaval de emoções que esse dia inócuo veio a revelar. Ela bebeu um café, enquanto ele tentava saber de um quarto para se hospedar. Ainda nesse dia foi-lhe apresentada uma rapariga de nome Elena que nunca chegou muito a saber o que fazia ou de onde vinha, apenas se aproveitava dele com histórias mirabolantes a que ele teve de colocar um ponto final para não correr o risco de ser preso.
A pouco mais de quinhentos metros vivia Flor e as suas quatro rosas de um canteiro que precisava ser melhor estimado. Por um acaso do destino e apesar das noites mal dormidas Arturo tinha sempre a companhia de Flor pela manhã, fosse no autocarro ou a pé.
O tempo era instável, assim como Arturo aguardava pacientemente por aquilo que sabia ir acontecer, embora não soubesse com quem. Flor descobriu nele o marido perdido em noites consecutivas de bebedeira, até que se foi de vez trabalhar para outra cidade. Flor aproximou-se de Arturo como que espantando fantasmas de uma vida mal resolvida.
No meio do Verão quente, Arturo mudou para uma nova casa e por detrás das cortinas vermelhas amou Flor como nunca havia amado ninguém!
Grande homem esse Arturo!
ResponderEliminarCorreu e realizou seu sonho,tornou-o realidade!