domingo, 6 de novembro de 2011

116 o rigor das silhuetas


Aquela satisfação pela lembrança do aniversário de alguém que partilhava alguns dos seus genes, havia partido para parte incerta, ficando o rigor das silhuetas limitado ao sorriso involuntário provocado pelos espelhos que distorciam imagens quase sempre sem traços distintivos.

Sentava-se de novo no sofá e via os jogos de futebol com os espectadores em masturbação colectiva pela ascendência símia de um qualquer jogador da equipa adversária. Se olhasse com atenção veria alguns dos rostos que exterminara para lá da montanha e da dimensão onde o fim ainda era um mito de consequências previsíveis.

De vez em quando fechava os olhos e o odor de Flor entrava-lhe pelo corpo dentro, enquanto se perdia em pensamentos libidinosos acerca da sua vagina.

Num mundo perdido, nem salvação in extremis o faziam mudar de ideias quanto a querer mudar o seu destino para uma nova orgia de acontecimentos normais. Lera que sonhar com o Universo era sinónimo de coisas más e na verdade estava-se nas tintas para as brechas que vira nos confins de todos os que havia.

Nem Deus, nem Lúcifer deveriam ter acesso a este compartimento da sua mente. É possível que a melhor solução fosse nem acreditar que passavam de um mero nome, mas sabia ser improvável que tudo tivesse nascido espontaneamente e se tivesse tornado tão complexo e simples ao mesmo tempo.

Não tinha janelas e das cortinas vermelhas apenas avistava um pensamento confuso, com o afastamento das pessoas apenas e só porque o queriam fazer entender que, mesmo na vida privada, o currículo fazia-se valer.

Fechava, abria e voltava a fechar os olhos, na esperança de encontrar um qualquer silêncio perfeito que o fizesse acreditar que os seus sonhos mais negros podiam ser motivo para provocar tesão a alguém. Eram dias de pose narcisista perante um poder que desdenhava, porque não lhe interessava a mera destruição, apenas um pouco de álcool a mais e foder mais tendo menos dores de alma. Era da fuga ao precipício que se tratava, um simples desvio à erradicação da falta de vontade própria, ou talvez fosse esse mesmo o caminho a tomar perante o desleixo de todos em relação ao Planeta em convulsão.

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