segunda-feira, 6 de setembro de 2010

039 dias de cólera

Sobreveio a loucura num dia de tempestade que provocou milhares de mortos e outros tantos estropiados. Os gritos de dor pareciam ser contínuos, mesmo para lá da náusea provocada pela constante aflição de nada poder contra as forças impiedosas da natureza, naturalmente desgastada e a responder com a violência adequada à intromissão efectuada pelos maquiavélicos humanos.

Fechavam-se os olhos na tentativa de mudar alguma coisa, mas ao reabri-los apenas se acentuava o terror paralisante de tanta sedução de que estava imbuído o aproximar do fim do mundo.

No meio do medo em desmesurado crescendo rodopiava um pequeno objecto não identificado. Era demasiado pequeno para poder ser participado às autoridades, quer as altas, quer as naturalmente incapazes, porém era apenas o intromissor principal na onda de destruição verificada. Precisava apenas de sentir a impotência de cada ser que o trespassava para se ir alimentando.

Ao longe alguém gritou 'fugi enquanto podeis das garras venenosas de Fraquiel, não deixais que ele se alimente das vossas fraquezas por mais justas que sejam!', mas um raio simplesmente o reduziu a um mero corpo sem vida ou qualquer tipo de energia reutilizável. Como se depreenderá a população por infectar juntou-se para combater o regresso de mais um filho mau da terra.

Só que essa união aumentava mais a fraqueza, produzida pelo medo escondido dentro de cada um. Apenas os verdadeiros destemidos não foram atirados para as profundezas de um Inferno fétido, ainda pior e mais tortuoso que a própria maldade humana. Fraquiel renascia numa época de verdadeira descrença e dava início à busca pelos outros demónios soltos com o fim de dar curso à maldição que cegaria por completo a noção de bem da população humana.

Apesar de todas estas convulsões e metódicos processos de assassínio de presumíveis culpados, o Sol brilhava com uma intensidade fora do normal, promovendo o fortalecimento de Fraquiel que culminaria com a possessão de um humano absolutamente normal e torná-lo na besta maquiavélica necessária para poder reconhecer os outros seis demónios, primeiro passo para o Apocalipse total, profusamente divulgado pelas profecias de alguns antigos, naturalmente à prova de demónios.

Durante seis dias seguidos choveu copiosamente e uma cidade inteira foi engolida pelo rio em cólera, depois de sugar todas as almas consumidas pelo medo. Sentiu-se então preparado para o grande salto. O hóspede era apenas uma atraente recepcionista de uma conhecida firma de advogados. Em breve tomaria conta do coração amedrontado do maquiavélico advogado.

Sem comentários:

Enviar um comentário