Não posso olhar para trás e lançar um sorriso por mais terna que seja a situação. Um corpo não se satisfaz de recordações enquanto está apto a voos mais arrojados. É certo que consigo fazer as coisas bem com os pés no ar, a vontade noutro patamar e os resultados a aparecerem para estimular. O passado é que prende o crescimento de uma alma, apesar da aprendizagem e da egoística pose dos amigos que quase sempre o são no máximo para o franzir do sobrolho, encolher de ombros e pensamento abjecto do pobrezinho. Muitos há que ainda assim crescem, adornando as existências apagadas com sorrisos de vaga esperança em ter apenas algo mais do normal, sem que tenham de cair nas depressões do costume. Antes fosse mais simples abandonar os conceitos simples de vida segura e agarrar os tempos que correm, aquilo que se tem, o futuro imediato.
Na ganância pela sobrevivência o homem destrói-se, acumulando as riquezas erradas, masturbando-se mentalmente com as vãs promessas de vida feliz enquanto o aniquilam com malvadezas que ele não terá tempo de se recordar, apenas e só porque quem as provoca apenas tem na manga mais do mesmo, voltando a provocar esquecimento e assim sucessivamente até não restar outra solução diferente dos banhos de sangue e do medo avolumado pela incerteza de cada passo, dos conceitos bacocos que lhe deram não passarem de mero teatro em cujo palco os actores apenas apuram a arte de bem iludir.
Não tenho as esperanças apuradas, nem os desejos assim tão encravados, quero banhar-me num rio limpo da dor invisível que nos atormenta. Para isso tenho que arrancar as ervas daninhas, ajudar a aniquilar os que prendem a felicidade num fosso esquecido do Inferno sem chamas a que chamam vegetar em vida.
Quero apenas ensinar ao mundo descrente que não precisam de Deus e Lúcifer para orientarem os seus medos, desejos e aventuras.
Quero apenas estimular a loucura que é amar sem ser objecto da inveja e da cobiça por meras frustrações alheias. Se tiver que matar e ser sacrificado por esse bem maior, não hesitarei.
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