terça-feira, 30 de março de 2010

001. uma terra de paixão

A luz passava facilmente por entre as cortinas improvisadas com que decidira tapar a janela. Porventura aguardando dias de intensos orgasmos em que viria a descobrir odores vindos de uma terra que o acolhera com a costumeira indiferença a que é votado um estrangeiro. Talvez por isso ter escolhido papel de cor vermelha fosse mais acolhedor para as tardes de calor sufocante de um Verão que apesar de tudo prometia ser de novo atípico, como se as vontades de seguir as tradições meteorológicas se desligasse em definitivo da destruidora vontade humana. Ainda assim antes mesmo de abrir os olhos havia sempre mais que uma secreta esperança que a paixão que nascera de um mero tom de voz adocicado fosse o prenúncio de um amor permanentemente requalificado e sempre com o risco de nunca vir a ser reconhecido.

À vontade de procurar no mundo exterior algo que assuma antes a vontade de ser feliz, torna-se herói aquele que viaja dentro dos seus sonhos concretizando o suficiente para que a vida não seja uma náusea permanente de frustrações.

Entretanto o calor que se fazia sentir apenas acentuava vontades de mergulhar os factores deprimentes numa latrina irrespirável da qual se afastava compulsivamente. Porém o Sol era de pouca dura e a mensagem das montanhas engolidas por nuvens espessas e carregadas de água.

Saiu directo para o lugar dos loucos, amotinando a paixão que começava a desenvolver-se pelo santo que oferecia rosas às meninas e livros aos meninos, como se os males do mundo se confinassem a uma simples terra, para onde viajara em busca da ausência de solidão. Talvez fosse melhor pensar na coisa em como tinha recomeçado de novo em da fuga a um estado que apenas convidava ao avolumar das tendências suicidas.

A tempestade sobreveio, baixando consideravelmente a temperatura, provocando uma natural epidemia de constipados, que, por sua vez, atingiriam algumas pessoas mais sem que o destino se fosse alterar pela busca de um amor iminente que apenas causaria impressão à ingénua forma de estar de umas meninas que seriam como suas filhas sem que o desejo alguma vez diminuísse e a libertação de orgasmos voltasse a ser uma espécie de desporto proíbido.

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