domingo, 28 de novembro de 2010

048 estranha serenidade

Ficou parado algum tempo, parecia-lhe uma eternidade tal a força dos pensamentos quer lhe brotavam para fora do corpo em forma de imagens, mesmo diante de si, quase acreditando ser tudo palpável.

Na cama apenas e só a sua triste companhia. Teria que compartir esta espécie de desespero consigo próprio, capacitar-se que tudo não passava de um elaborado pesadelo. Sentia-se desamparado e nem no telemóvel pegou a pedir a presença da namorada. Ambos se distanciavam cada vez mais, criando apenas um mero hábito de companhia, onde antes existia amor.

Fechou os olhos, meditou profundamente naquilo que lhe trespassava a alma, tornando-se clara a sua missão naquele mundo à beira da perdição. Quase como que por instinto pediu a presença do seu anjo da guarda. Se ele existia, que se manifestasse que era hora de saber se podia ou não acreditar nessas coisas do sobrenatural. Quase instantaneamente sentiu uma ligeira brisa entrar dentro da cama e subir-lhe pelas costas. De um momento para o outro aclarou-se-lhe no espírito que tinha de seguir um plano definido de forma a encontrar o equilíbrio mental que o prepararia para o futuro. Sentiu-se estranhamente sereno, deitou-se de novo, que ainda era cedo para retomar a vida que estava certo nunca mais voltar a ser a mesma.

A serenidade com que levava a vida tinha os dias contados e sendo certo que o suicídio estava fora de questão, embora não o soubesse, algo de trágico podia estar para acontecer. Irael sentiu toda essa confusão e não fora uma entidade invisível quase que se podia dizer que podia começar o processo de reversão, deixando de ser um mero pesadelo para se tornar a realidade.

Despertou de novo sobressaltado, repetindo nomes de pessoas que nunca tinha visto na vida, numa língua em que não se entendia, como se na realidade estivesse possuído pelos seus próprios pesadelos. Levantou-se, despiu-se e foi tomar um banho de água quente, enquanto a cabeça latejava, suspirando pela presença da namorada e da sua necessidade infinita de orgasmos.

Mas não era de sexo que ele precisava, apenas um pouco de energia positiva que o fizesse regressar à normalidade, à insonsa mas preferível vida que tinha aquando dos olhos abertos e da consciência mais ou menos pesada.

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