sexta-feira, 2 de abril de 2010

004 onde a vida se despede

A namorada, que ainda mantinha um casamento cujo divórcio iminente talvez lhe pudesse provocar uma morte violenta, desde sempre conheceu o quarto onde jazem as cortinas vermelhas, sem que o Sol ou as trevas expulsas pelas lágrimas pudessem ser algo mais que uma onomatopeia inimitável porque carente da necessidade dos movimentos básicos praticados por um ser humano. Ainda assim e depois dos lençóis que reconfortavam a vontade de amar um corpo, como se da morte do exílio se tratasse, sabia bem a distância entre os sonhos puros, os pesadelos e o suor que se transferia entre os dois onstítuindo-se como um momento de rara magia numa terra onde apenas tentavam iludir o paraíso oferecido aos olhos com a natural inaptidão para a prática de um pouco de humildade e de conversas para além das fábulas de mau gosto, estas, porventura mais obtusas que as novelas já gastas de tanto versarem as mesmas lágrimas e desejos encantados em palácios de cartão e bocejos entremeados com a costumeira estupidez que lhes saciava a inutilidade de uma vida sem alma.

Pudesse a vida despedir-se da imensa solidão dos tristes que a povoam que ainda assim se uniriam bocas, mesmo desavindas e o proveito sobraria para os mesmos de sempre, embora esse assunto o ignorasse ostensivamente.

Depois da visita à casa de um muçulmano que não cheirava mal, acentuava-se a vontade de progredir na alma estreitando relações com outros na sua situação de estrangeiro. Já se sabia que perto do rio, que falseava tranquilidade, um dia tudo mudaria e as fronteiras entre as leis do mercado com a qualidade indesmentivel do produto de trabalho poderão apenas ser uma forma de começar a pensar em roubar como forma de vida, uma vez que ser honesto é uma loucura sem sentido ao alcance dos fracos de espírito, isso e ter sexo com desconto por causa da crise, em vez de ser grátis pelo prazer, também serão maneiras de radicalizar os pensamentos rumo a situações descritas como vil terrorismo, um pouco como aquelas fotos de seis jovens explosivos criados à beira-mar com a ternura costumeira, tudo perfeito não fosse uma qualquer aparição que indicava o fabrico e posterior utilização de bombas como um mero desporto radical que porventura teria imensos adeptos a praticá-lo, espalhando-se os corpos pelos sítios mais incriveis que se pudesse imaginar.

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