domingo, 8 de maio de 2011

066 a árvore do sonho

Levantou-se e saiu de casa. Nem preparou o que era costume, até porque os costumes haviam deixado de o ser. Dirigiu-se para um parque, mesmo no meio da cidade, sentou-se junto a um carvalho gigantesco e vinda do seu coração sentiu-a junto aos seus lábios. Com a excitação natural que se desprendia, deleitaram-se com beijos profundos, enquanto o frenesim que provocavam parecia seguir sem efeito nos que passavam, rumo ao costumeiro vazio de cada dia.

Em pouco tempo despiram-se e as carícias multiplicaram-se provocando um exacerbado movimento de hormonas que, ao colidirem, formavam um orgasmo quase precoce.

Ninguém parecia preocupar-se a não ser um querubim que se havia escapado do Céu e das suas rotineiras obrigações.

Fizeram amor junto ao carvalho e o querubim ria a bandeiras despregadas, até que dois anjos da brigada dos bons costumes optaram por o levar preso a ele, para que a coisa não se tornasse um deboche pegado.

O querubim ainda se ria, mas os anjos de mau feitio castigaram-no severamente até que este desabou num choro infantil, aos berros com ranho a cair do nariz celestial e que depois diria ao Papá e eles iriam ver como lhes doía!!!

Arturo e Flor levantaram-se e como que por magia estavam outra vez cobertos com roupa. Já havia quem olhasse para eles e em pouco tempo iriam parar a algum tipo de calabouços.

Apenas se limitavam a passear pela cidade onde se haviam conhecido. Em pouco tempo passaram da total indiferença ao incómodo de se sentirem permanentemente observados, mas para isso contavam com os outros 70 que formavam uma espécie de aura que afastava todos os indesejados do caminho deles. 

A polícia passava, mas nada fazia, enquanto as velhas gaiteiras se apalpavam como que tomadas de assalto por alguma dose de excitação fora do normal para a sua natural fealdade cerebral feita de costumes mal amanhados.

Estavam decididos a erradicar essas noções abjectas profundamente enraizadas num povo rural que tinha a mania que era citadino. Nem a bem, nem a mal, apenas que pensassem pelas suas próprias cabeças, o que era risível atendendo à natural dependência humana nas opiniões e actos alheios. Desligar a corrente e desviá-los da vontade de conexão com o normal estabelecido.
A primeira missão era juntarem-se nos 7 carvalhos gigantes, atracção principal da cidade. Formaram grupos de 10 e cada grupo um circulo perfeito em volta de cada carvalho. Arturo deu a mão a Flor e os pés saíram do chão, voando até se fixarem a 70 metros exactos de altura, numa linha recta em direcção ao carvalho central. Beijaram-se e soltaram um microscópico fluído que mudaria a vida de todos naquele pequeno espaço do Planeta Terra.

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