sábado, 21 de maio de 2011

068 as abordagens decisivas

Viu-se algo a cair no vazio. Alguns orientavam a visão no sentido do espaço mais provável para que ficasse definido onde iriam cair os pedaços, posteriormente esmagados, do que parecia ser carne humana.

Seguiram para o ponto de impacto, muitos com medo do que pudesse acontecer, outros apenas curiosos, até excitados.

Do chão saiu uma serpente com a cauda na boca. Braços ergueram-se ao céu e de um reles burburinho rapidamente se passou a um estridente histerismo. Alguns quiseram logo escrever acerca do sucedido, outros desmaiavam da comoção, outros paralisavam apenas da cobardia por algo que não se esforçavam por entender.

A noite instalava-se no horizonte e a Lua Azul aparecia, imponente. Alguns sorriram na perspectiva de garantir a reencarnação, outros, imbuídos do espírito de concretizar desejos recalcados e sem vitória anunciada. Outros simplesmente partiam, quebrando o elo de segurança.

Na perspectiva de quem estava em queda imaginava-se a arrogância própria dos que descortinam as artimanhas do destino e a insegurança que isso implementa na imagem que depressa se desgasta e arruina a sua própria existência.

Ainda foi possível imaginar um corpo perfeito com a capacidade de se metamorfosear consoante os interesses da carne desvairada, impura. Assim a juventude de um corpo poderia ser potenciada até ao extremo se se justificasse alguma acção que permitisse a sua continuação entre os terrenos.

Deu-se o passa-palavra. Era tempo de começar os projectos que, pela lenda criada, se tornavam facilmente bem sucedidos. Apenas se levantou a questão de como seria o concretizar de algum plano maquiavélico baseado nessas premissas.

Entretanto noutro ponto do mundo alguém tinha um sonho, pleno de símbolos e misticismo.

No seu corpo apenas calor. Levantando voo passeava-se entre entes que se revelavam apenas no extremo da experimentação de uma mente ultra-disciplinada. O pressentimento geral nesses casos era o de que algo poderoso estaria para acontecer.

A nudez não era castigada com o degredo ou alguma forma de punição, apenas importava a forma do revestimento da alma, o sentido da mortalidade esbatido na ausência de gravidade, talvez uma verdade irredutível na imensidão de entes que operavam num aparente vazio.

Apenas porque alguém se tinha visto a si próprio na pele de salvador do mundo a Terra tremia.
A sombra embutida e castradora da pureza inicial, não poderia ter aqui o seu lugar. Apesar disso a porincesa das trevas cirandava, disfarçada de anjo, promovendo uma ilusória sensação de segurança.

Arturo apenas fechara os olhos por um mero segundo.

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