terça-feira, 8 de março de 2011

060 o inesperado visitante

Fez um pacto indelével com o homem  da barriguita a caminhar para o proeminente, só que dentro da sua cabeça congeminavam-se outros planos e atendendo a todos os extraordinários acontecimentos dos últimos tempos sabia que ele por si só tinha o poder suficiente para mudar tudo.
Caminhou dentro da cidade, em paranóia crescente por ter perdido toda a realidade que tanto o alegrava como deprimia, apenas por ser algo que o orientava nas horas que se sucediam. Eram apenas os demónios que se acercavam dos seus olhos. 

O cofre dos enigmas dourados estava perto e ele dirigia-se para lá com as trevas a engolirem tudo atrás. Parou no meio de uma rua deserta, escutou algo distante, parecia-lhe um ruído como o mar em fúria. Olhou para a esquerda e uma montanha de água aproximava-se rapidamente. Sabia que sobreviveria a isto, embora não soubesse ainda para quê.

Entrou num edifício gigantesco, fechou a porta e pôs-se a salvo daquela espécie de Apocalipse sem tréguas para destruir tudo quanto apanhava à sua frente.

Deu de caras com mais uma mulher deslumbrante, cabelos negros, olhos castanhos, voz melodiosa, corpo em perfeita harmonia como no sonho que tivera em tempos e em que havia possuído uma estranha , tal e qual como esta que se lhe apresentava diante dos sentidos em alvoroço. Lançou-lhe um sorriso e estendeu-lhe os braços. Ela abraçou-o com vigor e o seu cheiro entranhou-se com rapidez em cada um dos seus poros. Sem saber porquê lembrou-se da mensagem no deserto e esteve-se nas tintas para o fim do mundo, para os demónios e ainda mais para os anjos. Beijaram-se com uma paixão própria de amantes em delírio por uma qualquer ausência forçada, embora fosse a primeira vez que se viam. Fizeram amor até à exaustão, dele claro, que ela parecia uma fonte de inesgotável amor e excitação, despertando-o vezes sem conta até que o coração ameaçou parar de bater. Ele sentiu esse desconforto e parou. Levantou-se, pegou na mão dela e ao começarem a andar depararam-se com uma porta iluminada . De dentro vinha uma melodia que arrepiou de novo o corpo deles. Vinha acompanhada de uma voz, ora etérea, ora demoníaca. Os demónios inquietos colocaram-se todos na córnea, tentando captar toda a informação acerca do cofre dourado.

Ela desfez todas as pretensões do Céu e do Inferno, exorcizou-o e os sete demónios saíram de dentro dele, entranhando-se na parede iluminada. O som estava à beira do insuportável e de repente de novo o silêncio. Apenas eles os dois e o além para lá para lá do mar em fúria.

Finalmente apareceu o cofre dourado e ela desapareceu tal como tinha aparecido antes, apenas tudo se tinha transformado radicalmente.

Aproximou-se do cofre e sorriu, essa emoção fê-lo abrir-se e era a hora de saber o que lhe reservava o destino.

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