segunda-feira, 6 de junho de 2011

073 reacende-se a dor

Arturo seguia os caminhos tortuosos da redenção fossem eles onde tivessem que ir dar. Valia-se da sua crescente intuição para escolher o próximo passo a dar. Numa dessas batalhas épicas deu por si a entrar num Hospital, a ser enfiado num colete de forças e a ser fechado dentro de uma masmorra na ala psiquiátrica do mesmo. Nada era um acaso, por isso mesmo aconchegou o coração para prováveis consequências na realidade.

Tudo corria mal, nem sequer o deixavam gritar. Ainda assim, foi num desses momentos de rara tranquilidade que algo começou a mudar. Podia voar, pois então aproveitava esse dom. Mas logo da primeira vez algo se juntou a ele no ar. Parou, mesmo ali, no meio do ar, e severamente fê-lo aterrar, com violência.

Acordou preso a um colete-de-forças, de pé e com as costas coladas à parede. Ao seu lado uma mulher nua suspirava, excitada. Fechou de novo os olhos, quando os abriu uma substância viscosa caíra-lhe em cima da cabeça. Olhou para o lado e gritou. A mulher nua havia desaparecido e o suspiro transformou-se numa batida electrónica utilizada até à exaustão por Florian, um alemão para sempre inovador.

Sentiu a cara aquecer repentinamente e a dor, a princípio física, entrou-lhe pela alma dentro impedindo-o de fechar os olhos. Sucediam-se as mudanças de temas e locais. Parecia que todos os sonhos e pesadelos se materializavam.

Passou-lhe pela vista um suposto ser, de negro. Um vulto enorme que estava à entrada da sala onde tinha ido parar. Sentia absoluto desconforto por aquela presença súbita e ainda mais petrificado ficou quando este dirigiu a sua mão para o lado contrário de Arturo. Parecia-lhe estar na companhia de um Malach.

A luz foi-se instalando na divisão de uma casa que não fazia a minima ideia como era. Apenas sentiu que algo poderoso estava para acontecer.

O tempo parou. Agora tinha a certeza que era um Malach. Esse momento, que mais parecia a eternidade, deu-lhe todo o tempo necessário para se libertar, evitando uma catana que se havia suspendido a meros centímetros do seu pescoço. Tal como apareceu, o Malach evaporou-se e Arturo pegou nessa mesma arma letal cortando a cabeça ao ser de negro.

Ao longe avistou-se um tremendo relâmpago, cujo trovão ribombou nas delicadas estruturas do tempo, fazendo-o seguir o seu curso normal. A esta altura já Arturo estava a salvo de uma conspiração montada por Lúcifer que, num natural momento de puro ódio, lançou uma tempestade sem precedentes sobre o rio Nilo expulsando os pobres crocodilos do seu massacrado leito para um parque de atracções onde muita gente se recreava.

Sem comentários:

Enviar um comentário