domingo, 12 de junho de 2011

079 debaixo do céu

E o Sol quando brilha nem sempre tem o dom de aclarar as coisas e os 72, que cada vez mais se pareciam com um bando de mercenários sob a capa de promoção da liberdade de pensamento, eram adeptos das execuções públicas dos que não o permitissem. Tornavam-se feios aos olhos de Deus, o oficial guardião dos corpos com alma e de Lúcifer que os preenchia com os seus demónios desprovidos de toda a boa vontade inerente ao chefe da família rival.

Ao Sol encontravam-se cadafalsos em fileiras a perder de vista e a voz torturada de Ian Curtis a debitar com profundo desespero:

«Where will it end? Where will it end?
Where will it end? Where will it end?»


As cabeças altivas de criminosos prontos a serem apenas demónios eram a parte que os peregrinos queriam salvar. Não porque os estimulassem a sua arrogância, muito menos a pretensão de espezinhar o próximo para benefício próprio, apenas a atitude de não subserviência devia ser salva para estimular a nova raça dos humanos, sem distinção de cores e aromas.

O que se via naqueles campos a cheirar a morte, era apenas uma conjugação de esforços do bem e do mal, para renovar o domínio sobre o que de mais miserável houvesse na raça humana, nunca a vontade de livrar o mundo das injustiças desde sempre impregnadas nos corpos humanos e suas almas em permanente desatino.

Ainda assim Arturo tinha dentro de si a força suficiente para manter o equilíbrio. É certo que promovia a força de vontade e o desejo nascido do mais profundo recanto de cada ser, mas e por isso mesmo tinha que reprimir todas as descaídas de um grupo que iria mudar literalmente tudo.

Debaixo do Céu não havia qualquer tipo de preconceito e a gravidade encarregar-se-ia de manter os pés no chão às entidades condutoras da vida e das facções transcendentais que provocavam os equilíbrios e desequilíbrios.

Flor ia-se encarregando dos ensinamentos às suas filhas, elementos por todos considerados destabilizadores, mesmo fazendo-os entender da necessidade de corrigir os excessos das parcas idades em que elas viviam.

Olhavam todos para o Céu, mas a salvação estava algures na Terra e seria esmiuçada até ao limite pelos poderosos, que tendo dinheiro faziam o que queriam, quando lhes apetecia.

Porém algo perturbou essa ordem demasiado perfeita para se constituir como um fracasso.

Sem comentários:

Enviar um comentário