quinta-feira, 11 de agosto de 2011

091 eras de paixão

Os que não saem da sombra são tão ou mais importantes que os líderes,as pomposas figuras que dão a cara e às vezes mais nada. Não é o caso, Arturo fora escolhido pelas mais belas invenções do homem, de tal maneira bem elaborados que mesmo um não crente passa algum tempo fútil da sua vida a pensar nelas.

Arturo é um crente, profundamente desiludido com o vazio de acções, um crente que em tempos professou a fé, praticou o bem, perdeu-se nos 7 pecados mortais e regressou ainda a tempo de viver os amores proíbidos, ou da falta de sorte com as mulheres a quem resolvera entregar a sua paixão indelével pela vida. Em vão, por causa da etiqueta, da vacuídade mental ou porque as aparências não o levavam a ser objecto de fútil conquista.

Quando olha para trás tenta encontrar algum sentido nesses fracassos, alguma entidade que, na sombra, o tivesse desviado da suposta normalidade. Esse é um dos seus pontos fracos, como fraca será a vontade de o seguirem se manifestar essa fraqueza perante os ícones nascidos da imaginação fértil de corpos que nunca aguentam a ambição desmedida de almas que nem em sonhos se soltam por completo. Por isso não demonstra esse tipo de fraquezas, apenas se deixa levar pela noção daquilo que vai criar para o mundo. Faz disparates é certo, mas assume-os e ainda por cima goza com a situação. Para quem foi ao limite do Universo constitui-se como um humano demasiado normal.

Dentro do grupo selecto de entes escolhidos para a mudança final, há um que tem apenas 12 anos, os defeitos inerentes à idade e algumas virtudes inalcançáveis ao mero mortal. A sua influência na tomada de decisões do líder passa despercebida a quase todos, menos a Mary, a filha mais nova de Flor, que nos seus tenros 5 anos o elegeu para companheiro de brincadeiras. Sempre que o jovem peregrino está prestes a passar das marcas Mary canta, elevando o tom de voz até quase furar os tímpanos ao outro, que desiste, embora cada vez mais enraivecido.

Arturo sorri e passa imune a esses berros galácticos, pega nela e bailam no ar como antes viam nos filmes que mais encantavam a criança repleta de vida e projectos mirabolantes.

Enquanto a guerra não estalar há que brindar para lá dos limites impostos, a paga por fazer ou não fazer é sempre a mesma: a Morte.

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