domingo, 14 de agosto de 2011

096 admirável amante

Antes de te chamar, confesso o meu amor pelos momentos em que me fizeste ver a vida como algo mais que uma mera lápide onde talvez nem fosse recordado. É certo que podia ter sido outra pessoa, buscar outro sentido para para amenizar as dores ambíguas do coração, aquelas que moem mas nunca se sabe quando matam.

Antes de te chamar estou para aqui a pensar porque é que já fui ao fim do Universo e vi esperança num buraco negro. É possível que o poder de atracção fosse forte, mas a vontade que me domina ainda o é mais, logo volto a cair lá em busca de algum desejo que ilumine a esperança lá escondida dentro do regaço de amantes que não sabem ser desavindos. 

Aposto que se puderes apanhas-me lá bem no alto na linha recta para o paraíso. Os complexos dos que nos rodeiam não serão fortes o suficiente para impedir a concretização de um beijo. Um mero beijo e um abraço que te solte as más energias e aí talvez passemos a parede negra do fim do Universo, soltando fluídos desencantados de uma felicidade sem precedentes. É possível que depois venha a crescer dentro de ti o rebento que nós seguiremos no futuro.

Antes de te chamar, hoje que não salvo o mundo e apenas espero pela tua voz apaziguadora, para que mundos encantados nos juntem depois de fechar os olhos, não é certo que os desejos acabem e as fronteiras desapareçam, mas a zona morta que guarda todas as potencialidades, essa será ressuscitada, elevada à mera condição de remédio santo para todas as fraquezas da alma.

Antes de te chamar e declamar a odisseia que nos envolve, pensaremos naquela viagem ao cemitério, imbuídos da vingança, caída na terra que cobre os apodrecidos de ninguém. Então poderemos sorrir, alcançando o centro da Terra, fazendo tudo girar ao contrário, acabando com os frustrados da enésima guerra mundial, sempre em nome da paz, do desejo de estar rodeado de cidadãos preocupados com o que os rodeia, mantendo uma harmonia vestida de odores podres que apenas fazem o hóspde ter vontade de terminar tudo.

Nem Deus, nem Lúcifer têm como saber que temos aquele tipo de amor indestrutível que nos assopra cvom força ao coração, abrindo alas ao verdadeiro amor-próprio.

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