quarta-feira, 17 de agosto de 2011

101 o gosto deste vinho

Ao olhar para os quadros expostos no Louvre acentuava-se o prazer pela demonstração do afecto sublinhada em algumas obras. Era como se, ao passar, elas chamassem e o envolvessem dentro da sua história, tão previsível que às vezes não mostrava a verdadeira razão pela qual tinha sido feita. Nas masmorras da imensa galeria de arte também se avivavam conceitos envoltos em corrupção, pelo que importante era destruir tudo o que era moderado.

Tudo isto seria motivo de preocupação e desenvolvimento no sentido de alguma trama se não fosse o caso de mais um ano cristão estar a acabar e a consequente paranóia por finais de mundo e envolventes invólucros humanos estarem finalmente em riscos de exitinção. A viagem pelas torturas mentais presentes na cabeça e sobretudo nos corpos dos financeiramente limitados a servir a minoria de sacanas que impõem as leis e o seu cumprimento, era apenas a única forma de se afastar de um demónio que para sempre o afectaria se por acaso se deixasse levar pela fúria destruídora da Ira.

Nestas alturas sabia-lhe bem degustar um bom vinho na companhia de Flor e lembrar-se que a ideia dos 7 demónios lhe havia sido demonstrada na inocência de Tamara, por vezes provocadora do embate entre as placas tectónicas no outro lado do mundo, enquanto soltava a sua fúria, algo que assustava Arturo e Flor, quando a petiz apenas se enraivecia pela ausência desgovernada de um pai pouco gracioso na forma como se afastara.

Algo prendia as pessoas, não as deixando demonstrar o seu real valor. A inocência de Tamara seria a melhor forma de valorizar uma qualquer capacidade intrínseca a qualquer um disposto a aceitar-se a si próprio.

O único problema era a sua tenra idade, apesar da inteligência muito acima da média e da forma expedita como se desembraraçava de situações potencialmente motivadoras de depressão. O problema era o do costume, as ideias instituídas, os conceitos imutáveis do bem e do mal podiam, através dos seus mensageiros, corromper essa pureza de ideais.

Para Arturo era cada vez mais clara a existência latente dos chamados 7 pecados mortais em cada um, por sua vez dominados por um demónio específico. Libertar as pessoas desse terror além-vida fazendo-as ver que nem tudo o que é mal-feito nos enfraquece ou torna pecadores, é mais importante que temer a qualquer entidade oculta.

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