quinta-feira, 11 de agosto de 2011

092 divino vinho

Há dias em que não levanta os pés do chão, da aventura passada entre dimensões desconhecidas, dos preconceitos mesquinhos incutidos por milhares de anos de ensinamentos errados, apenas potenciando o pior de cada um em vez de promover o minímo de respeito.

Há dias em que apenas se encontram para degustar um divino vinho nascido de uma colheita imaginária, de um desejo concretizado pela força da Vontade, entretanto assassinada.

É claro que ficaram as reminiscências, os objectos precisos que cortarão a fundo todo e qualquer animalesco ensejo de deturpar um simples desejo de beber um pouco de vinho, imaginário na génese, verdadeiro no sabor e na dedicação com que é bebido.

Poder-se-ia pensar que um eleito passaria ao lado dos simples prazeres da vida, mas não é essa a premissa da sagrada loucura, ou nem loucura seria se não se permitisse uma valente carraspana.

Sim, no intervalo da salvação do mundo, há dias em que não levanta os pés do chão, algo que combina com o seu lado meramente humano e vão os dois degustar um qualquer néctar, valioso como momento lúdico em que apetece mais fugir que o mero desencanto.

E por vezes nem se lembra do momento em que perdeu a consciência, apenas que as dores, a mera responsabilidade de cuidar do futuro desaparecem sem deixar rasto, como se assim abrisse a mente ao encontro da de Flor e fizessem amor até à exaustão, assim, perdidos de bêbados, de amor ou pura excitação. 

Que interessa a vida sem o pecado, a simples necessidade despir o corpo onde quer que seja e abandonar-se à luxúria como se mais nada importasse no mundo?

Essa era uma das múltiplas razões pelas quais os defensores radicais do bem e do mal assopravam a desgraça para cima dos humanos. Nada podia ser sagrado se feito pelas leis da liberdade total. Ou Deus ou Lúcifer é que tinham o poder absoluto de poder brincar assim com o fogo maldito.

Entretanto, imaginando o amor nos confins do Universo, com Flor, foi lá parar, de repente. Fizeram sexo, desenfreado, gemendo até à exaustão dos corpos e uma leve abertura apareceu na parede negra elevada até ao infinito. Afinal o impenetrável era apenas mais um mito a desfazer-se.

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