sexta-feira, 11 de maio de 2012

130 prodigioso enigma


O círculo perfeito formou-se de novo, as nuvens voltaram a encaixar-se em múltiplos átomos de composição desgovernada. Nada de novo no horizonte, apenas que as noções de vulgaridade mudavam e que cada uma que surgia era entendida como a sumidade das proposições celestiais.

‘Uma merda é que era celestial! – Pensava Arturo, que uma vez tendo desistido das velhas andanças de pés assentes no chão resolvia andar em poses prepotentes de metamorfoseamento de seres que entendia terem potencial para enlouquecerem com a bravura necessária no caminho para a eterna falta de estupidez.

Terminara de vez a paciência para as mesmas histórias vindas de pessoas iguais, em corpos diferentes. Quem tentasse corromper o seu parco equilíbrio teria uma guerra sem precedentes à perna.

Noutro canto do Universo, a paredes dos seus limites, aparentemente inexpugnáveis, estavam a ceder. Definitivamente nada era inexpugnável, os anjos e os demónios atravessavam tudo o que queriam, logo o Universo fazia parte desse querer sem pudor.

Na ligeira brecha, invisível para todos, algo passou. Ainda assim todos sentiram algo, apesar de apenas o entenderem como mais uma peça do intrincado enigma da vida, não lhe dando a importância devida.

À passagem por cada corpo celestial do Universo livre e expandido algo se purificava. Apesar disso o desconhecimento, que motivava a indiferença, continuava a ser uma constante. Um dos segredos dessa indiferença poderia estar ligado à total ausência dos fracassos nascidos no ventre de todas as mães em sofrimento permanente. Tornava-se mais poderoso à medida que se ia aproximando da Terra. Dentro de si trazia a promessa de uma nova vida, sem que ninguém sequer sonhasse que parar e pensar um pouco nisso não era perder tempo.

Quando entrou na atmosfera terrestre, tomou a forma da pura energia, o que lhe quebrou a invisibilidade total, mas não a saciedade de descobrir o que tinha purificado o Universo de todas as suas falhas. Depressa se viu envolta pelos emissários do Bem e do Mal. Imediatamente detectou os imortais e os que existiam na ilusão de sentir o que a alma era para sempre, sem que isso os motivasse a serem melhores pessoas.

Trucidou os espíritos fracos. Reuniu-se primeiro com Deus, depois com Lúcifer. Uma eternidade depois ocupou todo o espaço livre que ficava dentro do círculo perfeito formado por 72 peregrinos que louvavam a suprema sanidade da loucura.

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