sábado, 26 de maio de 2012

145 ameaças que pairam


Há mitos que permanecem na penumbra, ganhando outra dimensão e tornam-se uma coisa disforme com o tempo. Desde o primeiro homem que os há e a desculpa mais fácil para não se detectar algo superlativo é invocar o amor a Deus, não como algo profundo mas antes com alguma pureza advinda da vontade de não ser chateado.

Os mitos, conhecidos ou não, são ameaças de profunda decepção, fantasmas que pairam sobre um mais que provável fracasso. Enquanto isso e dentro do círculo formado por mitos das mais variadas formas, as cidades do amor desenvolvem-se como se fossem glóbulos brancos a lutarem contra as infecções instaladas e ganham, sem aditivos, conseguindo uma vitória estrondosa sobre o não, a negativa sensação de fim apesar da esperança, como se tudo tivesse de funcionar como uma fatalidade. Banalidade que Arturo foi tentando aniquilar, sem que tivesse de lutar por qualquer tipo de perfeição, apenas afastar o cancro, purificando o possível.

O mito do Bem e do Mal, era parte de uma espécie de museu de cera, repleto de fósforos acesos, temperatura sempre em crescendo. E acreditar em milagres, como se avida fosse um bem assim tão precioso quando prolongado mais que o necessário.

Os mitos, os anjos e os demónios, ou todos num só, ou ainda personalidades dúbias que apanham toda a vivência terrestre, sem sequer admitir que a alma pode ser inviolável. Mas os peregrinos, já loucos de tanta guerra, solidão e sobretudo apatia, apenas mantinham invioláveis as forças místicas para além da ridícula força humana. Era assim que se continham as ameaças que pairam, antes do colapso dos órgãos internos e da explosão, literal, da cabeça.

Para descontrair uma cerveja no Bar El Ídolo, atendido por uma excluída compulsiva dos 72, amiga intimíssima da humanidade latente em Arturo.

Renascido, manteve o desejo em níveis competitivos não pensando na readaptação às velhas memórias.
Enterrada a sua fraca insistência de idealizar o impossível atendia os mitos acumulados em forma de orgasmo em Flor, como se o mundo fosse a mais pobre das civilizações universais sem esse doce pecado que afastava compulsivamente as verdadeiras ameaças.

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