quinta-feira, 24 de maio de 2012

141 onde a estrada acaba


Afinal tinham criado a entidade que os fintara sem que a sua sabedoria omnipotente o pudesse ter controlado. O que estava previsto era apenas uma diversão, depois a lenta absorção de um ente, que viria a tornar-se demasiado rebelde, corruptor de almas fracas, inalcançável para o poder obtuso dos que dominavam essas crenças que apenas serviam para enfraquecer toda a gente com vontade.

Era então tempo de sorrir. Virar as costas ao desespero e sorrir, estragar a composição definida, troçar dos músculos definidos e dos atrasos da vida incerta, do cheiro a merda e hipocrisia a que tresandava tanta gente e tanta coisa feita por essa mesma gente.

Ouviu-se um novo som apelidado pelos entendidos de sons como minimalista, feito de vento e de ambrósias roçando umas nas outras. Enquanto uns deliravam e divulgavam a boa nova como se do pai de todos os orgasmos se tratasse, outros enlouqueciam do som irritante obtido da mistura.

Os importantes e os obtusos, a forma e a posição variavam conforme os gostos, apesar de seguirem todos na mesma estrada. Enquanto isso alguém pegava num papel e ia desenhando uma estrada, fictícia nas aparências. Nas bermas dessa estrada avistavam-se ambrósias e, pelo desenho intenso, quase se podia sentir uma ventania indescritível. O calor abundava nas massas de ar expelidas pela imaginação do autor. A arrogância habitava os seres que ia desenhando em caminhada árdua, de sonhos, mentiras e amor desolado. Todos suavam.

No fim da estrada estava uma Igreja branca com altura a perder de vista. À sua volta muita gente de rabo para o ar louvava a Alá. Lá no topo alguns aviões comerciais tele-comandados por personagens sinistras passavam a rasar as titubeantes janelas com gente aterrada dentro. Algumas histórias teimavam em querer repetir-se e a religião era sempre o motivo fulcral da questão.

Entraram na Igreja e foram surpreendidos com uma missa negra em que todos os participantes apenas vestiam um capacete bizarro de origem extra-terrestre. E começavam a copular, enquanto Deus lançava uma praga sem precedentes pela depravação vexatória em que haviam transformado a realidade.

Era sempre tempo de algo novo, mas o desejo sempre manteve as pessoas com a auto-estima acima do naturalmente expectável.

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