Fora dos sonhos, dimensões
paralelas e angústias de seres que tinham algo em comum, vivia fechado num
casulo. Algo parecido com a escuridão dos quartos enfiados em pequenas celas
onde se encavalitavam as tormentas de cada um, até as que eram confundidas com
um Oásis e respectivas fantasias idílicas.
O Universo tinha brechas onde se
pensava existir um fim e afinal o fim apenas era as limitações do corpo perante
mentes limitadas ao óbvio, ao desejo de caminhar por uma vida segura, por vezes
polvilhada de loucura, porém claramente virada para o cíclico encolher de
ombros que caracterizava os fanáticos sem fé em si próprios.
O silêncio tomava conta de todos
os desejos, como se fosse uma guerra pronta a destruir vontades, condenando os
seres à vampírica condição de eterna dor. Ainda assim e numa secreta esperança
de uma mudança radical, contemplavam-se os fins repletos de poéticas vontades,
talvez para fazer esquecer a miséria galopante.
Na escuridão dos sentidos haviam
balas que se cruzavam num bailado agressivo de quase morte. Havia então que
fintar a morte, não perfurando a carne para não ter que abraçar o vácuo da
existência, sem anuência ou vontade própria. Muitos dos seres que mereciam uma
segunda oportunidade viviam assim num esconderijo de abutres, sempre à esperas
dos despojos de fins sem glória.
A sublime vontade de Deus deixara
de lhe interessar. Olhava em frente, desafiando os seus meios de aparente
invencibilidade, sendo observado ao longe pelo clone do pai de todos os Males,
Hades ‘himself’, embutido sem salvação num gélido Inferno sem chamas.
Apenas era necessária uma
qualquer desavença, o desabrochar de uma qualquer revolta em estado embrionário
para que do clone de Hades nascessem clones de todos os demónios já
exterminados. Mas o medo não era uma opção, os inimigos estavam bem definidos,
as tentações bem identificadas.
Acordou num deserto em plena hora
de calor, longe sequer de conseguir voar dali para fora. Preso pela própria
consciência, enquanto o que parecia um castigo ia tomando forma.
Não voava, mas os pés mantinham a
firmeza necessária e pôs-se a caminho até encontrar de novo a fonte que o fazia
viver, a montanha por onde passava de uma dimensão para a outra. O melhor de
tudo era sempre Flor, que sempre o fazia sentir-se Homem.
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