O passado foi sempre de dor, sem
preocupações com os males do mundo, apenas com o natural egoísmo típico de quem
olha mais para o seu umbigo que para as coisas práticas da vida. Foi! Já não é!
A reviravolta que o Universo deu, sem que exista uma parede, quanto mais
brechas, por onde entraram entidades estranhas que chegaram em segredo, que
agora impõem as suas condições tolas. Ele, mais do que todos os outros,
aprendeu a sua lição, esbatendo as fronteiras, dando vida a memórias, inclusive
de coisas que nem substância estava prevista que viessem a ter.
Angústia é algo que agora só uma
minoria sente, vivendo na clandestinidade das cidades do ódio, os arautos da
desgraça, os que tudo fazem para voltar aos passados tempos de terror, da
ilusão e ressentimento que crescem baseados em histórias mirabolantes, em que
alguns eram acusados dos crimes de outros que, verdadeiros mandantes,
efectivamente causavam o caos.
Foi o tempo das guerras
consecutivas, das religiões fracturantes, da banalidade do dinheiro como fonte
de tudo, mas acima de tudo com o objectivo crucial de escravizar a maioria,
para que a torpe minoria reinasse a seu bel-prazer, com as vantagens sempre
inerentes a esse poder corrupto.
As cidades do amor são parte de
um presente onde o vil betão deu lugar às sementes que crescem regadas pela
ternura presente no coração dos seus habitantes. Deixou de existir aquela
tentação demoníaca de mandar, muito própria dos deuses, destruir para possuir
ou apenas ser mau porque sim. Isso acabou, bem como o medo que tudo acabe um
dia. Se é certo, para quê ter medo do inevitável?
Nas recém-criadas cidades, onde a
loucura é um meio saudável de convivência, há forma de dar uso aos desejos mais
recalcados, às frustrações que passam apenas a ser memória sorridente.
Não há forma de conseguir
assassinar sem motivo. A doutrina da Sagrada Loucura contém a poção mágica que
o impede.
Não há como provocar infelicidade
como forma de dar asas ao egoísmo latente em todos, nem de conseguir ser
pedófilo, ou um bicho preconceituoso, ou ainda um mero praticante actos
dolosos, safando-se pelos conhecimentos em altas esferas.
Não, o crime desapareceu e com
ele o desespero. O amor deixou de rimar com dor e passou a ser fonte de alegria
ou excitação.
As cidades do amor são um sonho
de Arturo e estão prestes a tornar-se realidade.
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