sexta-feira, 25 de maio de 2012

144 cidades para o amor


O passado foi sempre de dor, sem preocupações com os males do mundo, apenas com o natural egoísmo típico de quem olha mais para o seu umbigo que para as coisas práticas da vida. Foi! Já não é! A reviravolta que o Universo deu, sem que exista uma parede, quanto mais brechas, por onde entraram entidades estranhas que chegaram em segredo, que agora impõem as suas condições tolas. Ele, mais do que todos os outros, aprendeu a sua lição, esbatendo as fronteiras, dando vida a memórias, inclusive de coisas que nem substância estava prevista que viessem a ter.

Angústia é algo que agora só uma minoria sente, vivendo na clandestinidade das cidades do ódio, os arautos da desgraça, os que tudo fazem para voltar aos passados tempos de terror, da ilusão e ressentimento que crescem baseados em histórias mirabolantes, em que alguns eram acusados dos crimes de outros que, verdadeiros mandantes, efectivamente causavam o caos.

Foi o tempo das guerras consecutivas, das religiões fracturantes, da banalidade do dinheiro como fonte de tudo, mas acima de tudo com o objectivo crucial de escravizar a maioria, para que a torpe minoria reinasse a seu bel-prazer, com as vantagens sempre inerentes a esse poder corrupto.

As cidades do amor são parte de um presente onde o vil betão deu lugar às sementes que crescem regadas pela ternura presente no coração dos seus habitantes. Deixou de existir aquela tentação demoníaca de mandar, muito própria dos deuses, destruir para possuir ou apenas ser mau porque sim. Isso acabou, bem como o medo que tudo acabe um dia. Se é certo, para quê ter medo do inevitável?

Nas recém-criadas cidades, onde a loucura é um meio saudável de convivência, há forma de dar uso aos desejos mais recalcados, às frustrações que passam apenas a ser memória sorridente.

Não há forma de conseguir assassinar sem motivo. A doutrina da Sagrada Loucura contém a poção mágica que o impede.

Não há como provocar infelicidade como forma de dar asas ao egoísmo latente em todos, nem de conseguir ser pedófilo, ou um bicho preconceituoso, ou ainda um mero praticante actos dolosos, safando-se pelos conhecimentos em altas esferas.

Não, o crime desapareceu e com ele o desespero. O amor deixou de rimar com dor e passou a ser fonte de alegria ou excitação.

As cidades do amor são um sonho de Arturo e estão prestes a tornar-se realidade.

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