Uma nova ordem nascera no caos
provocado pela destruição dos pecados inúteis. Não que fosse positivo abençoar
os escombros de uma antiga doença, mas a paz que se instalara dava outro ânimo
para que o novo mundo pudesse florescer correctamente.
A guerra, porém, estava longe de
terminar, apesar da inexpugnável fortaleza dos peregrinos que lhes permitia
seguir sempre rumo ao seu destino. Era evidente que a Ira solta do Paraíso
ainda traria muito sofrimento a alguns supostos inocentes.
Os caminhos, outrora apenas
minados pelos demónios de Lúcifer, eram de uma dureza implacável, plenos de
incerteza quanto ao próximo passo a dar. Muitos morreram estilhaçados pelas más
escolhas, outros deceparam a cruz que os atolava pelos caminhos ínvios, nem do
Senhor nem da Dor, de amores não correspondidos.
Os Peregrinos foram considerados
a seita mais perigosa, o alvo preciso a abater para reequilibrar as contas dum
rosário em que Bem e Mal apenas serviam para angustiar.
A missão mais dura que se
seguiria era a de fazer desaparecer o dinheiro. Se queriam poder, ele teria de
ser conquistado pela mente e pelos desejos concretos de viver num mundo em que
a liberdade era ponto assente para quem quisesse celebrar a vida.
A contenda correu mal, não
conseguiram acabar com o dinheiro e muito menos com as influências
apocalípticas que este permitia fazer florescer.
Algures no Reino do Pipocalipse
alguém preparava uma nova investida para mudar as mentes absortas nas próximas
férias. Tudo começou com uma estranha chuva de pipocas doces.
Ao início todos estavam felizes,
brincando e comendo, na patriótica missão divina de alimentar o próximo, mesmo
que não tivesse acesso ao caminho doce da vida. Era patético ver as pessoas a
açambarcarem pipocas tornando-a bem exclusivo e vendendo-as aos mais distraídos.
Como era lógico, num tempo de profunda convulsão, o degredo pelo Inferno era o
seu destino, permanecendo em pose estática, de boca aberta, recebendo pipocas
até rebentarem, depois morriam e renasciam para sempre na mesma agonia e
renovada dor.
Voltavam então a reunir-se.
Sabiam que havia coisas que só com muita persistência seriam dominadas.
O dinheiro voltou a iludir os
caminhantes e parecia que, mais do que nunca, as pessoas tomavam a consciência
que mais valia ser pequeno de cabeça e ter algum no bolso que embarcar em
revoluções de sonhos duvidosos.
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